Sertão Hoje

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Ricardo Stumpf

Ricardo Stumpf é graduado em Arquitetura, com especialização em Desenho Urbano, Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia e especialização em Lingüística: leitura e produção de textos pela Universidade do Estado da Bahia (2007).

O legado de Obama

Dentre todas as promessas não cumpridas por Barack Obama, destacam-se a não desativação da prisão ilegal de Guantanamo em Cuba e o fim da guerra do Iraque, que continua ceifando vidas de inocentes, 13 anos após a invasão americana baseada em mentiras, praticada por George W. Bussh.

Mas afinal o que fez Obama pelo seu povo e pelo mundo, para justificar um prêmio Nobel da paz conferido a ele, baseado apenas em suas promessas de campanha?

O chamado “Obamacare”, um plano de saúde para todos os americanos, protegendo os mais pobres. A reativação da economia, que retirou da falência grandes empresas como a General Motors, atingidas pela crise de 2008, provocada pela desregulamentação do mercado financeiro, promovida também por Bush. Essas, sem dúvida, foram boas medidas.

Mas Obama não tentou regulamentar novamente o mercado, nem mesmo punir os responsáveis pelos eventos de 2008, deixando a porta aberta para novos desastres econômicos, que enriquecem alguns poucos às custas de empobrecer milhões e destruir economias de países inteiros.

Quanto à paz no mundo, o governo Obama só incentivou mais guerras, promovendo a destruição da Líbia e da Síria, ao custo de centenas de milhares de vidas inocentes. Além disso apoiou claramente o terrorismo, através dos “jihadistas”, na intenção de derrubar o presidente Sírio, estimulando indiretamente a criação do Exército Islâmico, causador das maiores atrocidades vistas na Terra, desde a segunda guerra mundial.

Quanto aos trabalhadores americanos, tradicionais apoiadores do Partido Democrata, Obama promoveu e incentivou acordos de comércio internacionais que provocaram o fechamento de milhares de empregos nos antigos centros industriais do seu país, inclusive na sua base eleitoral, Chicago, para garantir a continuidade da hegemonia político-militar americana no mundo.

E os negros? Nunca foram tão perseguidos e assassinados friamente por policiais quanto nos seus oito anos de governo. Poucos dias após mais um desses assassinatos, quando negros revoltados começaram a matar policiais brancos, Obama promoveu uma homenagem... aos policiais brancos, reforçando a imagem de apoiador do sistema que oprime a minoria racial a que pertence.

Quanto à América Latina, enquanto dava tapinhas nas costas de Lula e dizia que ele era “o cara”, promovia a espionagem na Petrobrás e tramava o golpe que derrubou Dilma, para roubar nosso petróleo, após ter feito as primeiras “experiências” de golpes parlamentares em Honduras e Paraguai.

Pode-se dizer que a atitude do primeiro presidente afro-americano ao longo de seus dois governos foi a de um cinismo sem precedentes, que afirmava uma coisa enquanto fazia outra, mantendo sempre um sorriso confiante na face e praticando políticas contrárias ao que pregava publicamente.

Ao final apoiou Hillary Clinton para presidente, uma das personagens mais autoritárias e odiadas de seu governo, responsável pessoal pela invasão e destruição da Líbia.

A conclusão é que o maior legado de Obama foi eleger Donald Trump, na esteira da desilusão causada por suas mentiras.