Sertão Hoje

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Aurélio Rocha

brumadense, paramiriense e caetiteense, Aurélio Rocha é médico, formado pela UFBA, turma de 1963. É professor Titular de Ginecologia-Obstetrícia da Faculdade de Itajubá-MG

ANTIGAMENTE...

Começamos assim porque recordamos que a partir do quarto ano primário e durante todo o ginásio (quatro anos) pelo menos uma vez a “cadeira de português” (era assim que se designava e não “disciplina como hoje”) se dedicava às redações sobre temas objetivos e às vezes dito “até filosóficos”. Então se aprendia gramática, redação e até caligrafia se treinava. Era a época da dita ESCOLA ANTIGA!.. Recordamos agora que lá pelos idos de 1958 faríamos o vestibular. Para única Faculdade de Medicina, totalmente GRATUITA. Uma senhora Universidade que até hoje pontua. O programa – não havia o tal cursinho – distribuído no inicio de cada ano e como a Escola Pública foi por onde circulamos, - óbvio que um exemplar começou a nos acompanhar durante todo 3º ano Cientifico. Esclarecemos: o colegial era dividido, após quatro de ginásio, em três anos científico (para se seguir carreiras de engenharia, medicina etc...) e o clássico (para direito e etc.).

Para Medicina as provas – eliminatórias – eram de português, química, física e biologia. Começava pelo português que iria fazer o candidato seguir pelas etapas. E por sorte ou não a primeira prova naquele ano foi PORTUGUÊS. Número de vagas? Só 60 mas na realidade 14 eram reservadas para estrangeiros, sem vestibular e ai na realidade para nós brasileiros naquele ano restava 46 a serem disputadas só por mais de 600 candidatos se assim recordamos. E fomos nós numa quarta-feira de cinzas pós carnaval, às 13 horas. Folhas de papel almaço em branco sobre bancas no anfiteatro Brito. Todos acomodados e portanto apenas caneta-tinteiro ou então a “Parker 51”. Tempo: 90 minutos. Tema para redação: “O Carnaval”.

O grupo de origem lá do Colégio da Bahia (Central) era grande e segmentado segundo os caminhos a seguir. Sabemos que o “Olodum” desfilou, que a Rua Chile foi um sucesso. Passamos aquele carnaval “fechados num quarto, literalmente desligado do mundo”. Agora, plena quarta-feira de cinzas, ressaca de pessoas e da cidade, lá estávamos com o tema que na realidade nem longe havíamos suspeitado. Lá atrás, tanto no primário, ginásio como no colegial, recebemos orientação de como escrever sobre um tema. Havia limite de linhas que no momento não recordamos. “Mas fui bem”. A sala ou anfiteatro com 30 foi reduzida para 20 candidatos. A sequência foi Química, Física, e Biologia. Não saímos tão mal porque classificados fomos no 14º lugar! O 1º lugar: o hoje Professor de Oftalmologia da USP e no ultimo lugar o melhor aluno durante o curso que despontou na Obstetrícia. Mas toda esta “lenga-lenga” veio porque não se pode entender que no ultimo exame do ENEM dos 5,9 milhões de candidatos 9,7% ou 529 mil candidatos tiraram ZERO na redação com um tema infantil até: “publicidade infantil”. Chamamos atenção ainda: dos 5,9 milhões de candidatos só 250 na redação obtiveram nota máxima que para o ENEM é MIL!

Diante de tal quadro de “analfabetismo” explicito achamos que a escola antiga era eficiente. A moderna? Sei lá, né?