Sertão Hoje

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Aurélio Rocha

brumadense, paramiriense e caetiteense, Aurélio Rocha é médico, formado pela UFBA, turma de 1963. É professor Titular de Ginecologia-Obstetrícia da Faculdade de Itajubá-MG

HOMENS DIFERENTES

A minha geração “viu de um tudo” segundo gostava de dizer um colega que já não se encontra entre nós mas com certeza “numa melhor”. Particularmente sempre estivemos ligados a jornais e revistas. Além dos livros, óbvio. E gosto de ficar a comentar com os mais novos (amigos entre 60 e 70 anos...) fatos que permitem colocar em relevo “INDIVIDUOS e SEUS FEITOS”. Vamos dar um retrocesso na nossa história dita “moderna”. E claro que datas, anos etc. são referência. Quando se fala na 2ª Guerra vem à lembrança a data do seu termino. A tomada do poder por Mao Tse Tung na China se registra data. É a história. É assim a vida. É assim que a história vai sendo narrada.

Existem vários momentos de registros de fatos e alguns anos às vezes são até “mais ricos” que outros. O ano de 1968 no contexto global é marcante porque foi quando se deu a beleza da “Primavera de Praga”, os “Panteras Negras” ergueram punhos durante Olimpíadas lá pelo México, há protestos contra Guerra do Vietnã com destaque para uma ativista que tirou e jogou aos ares o sutiã em protesto contra nem me lembro mais... Faço uma parada e me desloco para “agorinha” mesmo se levarmos em conta o fator tempo. A guerra – estúpida – no Vietnã era real e um negro, lutador de boxe, norte-americano sem dúvida se negou a ir para e guerra a então foi preso e cumpriu três anos de cadeia. Estou a falar em MUHAMAD ALI o maior campeão de boxe de todos os tempos além de cidadão – apesar de analfabeto no início da vida na luta pelos direitos humanos. Há alguns dias atrás, aos 74 anos e depois de lutar contra uma doença neurológica incurável, “o nosso campeão fez seu vôo para onde terá abrigo eterno e sem dor. Uma vida que deve ser enaltecida para exemplo de como deve-se viver “lutando bom combate”.

Um amigo – daqueles que são conservados pelo tempo – fanático por bom fã incondicional do Ali me pegou pelo pé como se diz na gíria. Me intimou a escrever algo sobre o campeão. Eu disse a ele que amanhã escreveria. Então o “caatingueiro” me tascou:

“...porque esperar amanhã? Por que esperar amanhã? Escuta este canto, enxuga este canto, enxuga este pranto. Porque esperar amanhã?”

E eu, me sentindo pequenino – menor do que sou – dedilhei o que acima você leu.