José Serra recebeu R$ 52,4 milhões em propina, diz delator da Odebrecht

Quarta / 10.01.2018

Por Redação Sertão Hoje

Os repasses começaram em 2002, durante a campanha presidencial do tucano. (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-presidente da Odebrecht e delator na Operação Lava-Jato, Pedro Novis, informou que a empreiteira distribuiu R$ 52,4 milhões em propina ao senador José Serra (PSDB). Os repasses começaram em 2002, durante a campanha presidencial do tucano. O primeiro pagamento foi de R$ 15 milhões. Uma outra bolada, no valor de R$ 23,3 milhões, foi paga em forma de propina a Serra em 2010, segundo o delator. O dinheiro seria uma contrapartida à liberação, pelo governo paulista, de R$ 170 milhões em créditos devidos a uma empresa do grupo Odebrecht, no ano anterior. O depoimento foi divulgado pelo jornal "Valor Econômico" e confirmado nesta terça-feira pelo GLOBO. Assim que fechou delação premiada, um grupo de executivos já havia confirmado à Procuradoria Geral da República (PGR) que José Serra havia recebido os R$ 23,3 milhões "por fora", além de mais cerca de R$ 25 milhões como doação oficial da Odebrecht para a campanha. Sobre o repasse de R$ 15 milhões, Novis informou que não conseguiu recuperar os registros dos repasses realizados pela Odebrecht.

Em nota, a assessoria de imprensa do senador negou o recebimento de propina: “O senador José Serra esclarece que jamais recebeu qualquer tipo de vantagens indevidas de qualquer empresa ou indivíduo, especialmente da Odebrecht”. A assessoria ainda recorreu a trechos da delação de Novis. Em um trecho, ele diria: “Doutor, o senhor quer saber de uma coisa? Esse homem (que seria Serra) nunca nos ajudou. Nós sempre apostamos nele, essa é que é a verdade”. Segundo depoimento prestado ao delegado Luiz Zampronha, da PF em Brasília, o pedido de propina aconteceu pessoalmente no escritório ou mesmo na casa do senador. Além, disso, Novis acusou Serra de já ter se beneficiado em 2004, quando disputou a prefeitura de São Paulo, de mais R$ 2 milhões em doações da Odebrecht "realizada sem registro na Justiça Eleitoral". O dinheiro, segundo ele, foi pago em espécie e no país. O executivo, no entanto, ainda informou à PF outros R$ 4,5 milhões repassados a Serra através de uma conta bancária no exterior. Serra também teria pedido, e recebido, segundo delator, mais R$ 3 milhões em doações eleitorais para campanhas municipais do PSDB em São Paulo. Por fim, um outro repasse, de R$ 4,6 milhões, foi feito pela Odebrecht a Serra para a campanha de 2012.