Entrevistamos Beto Maradona, prefeito reeleito de Caculé
Segunda / 28.11.2016
Por Leonardo Oliva
O Jornal Tribuna do Sertão/Site Sertão Hoje entrevistou o prefeito reeleito de Caculé, José Roberto Neves (Beto Maradona), em seu gabinete, na Prefeitura Municipal. O gestor, que foi reconduzido ao cargo em uma disputa acirrada, comentou o resultado das eleições 2016, disse que a votação apertada acendeu um sinal de alerta e falou sobre as mudanças que pretende fazer nesta segunda gestão. Beto Maradona comentou ainda o cenário político atual, rumo às eleições 2018 e falou sobre as dificuldades que os municípios brasileiros devem enfrentar nos próximos anos. Leia a seguir, na íntegra, a entrevista. Você pode ouvir também o áudio da entrevista, na íntegra.
TRIBUNA DO SERTÃO - Beto, gostaria de começar falando das eleições deste ano. Te surpreendeu uma diferença de votos tão pequena? A que você atribui esse resultado?
BETO MARADONA - Para nós, foi uma surpresa não muito agradável, mas eu acredito que o resultado da eleição de Caculé não foi diferente dos demais municípios da nossa região, do nosso estado e também do Brasil. De 2013 pra cá, com essas manifestações nas ruas, as pessoas se mobilizaram mais e quem estava no poder sofreu os impactos destas manifestações. Nós estávamos monitorando o cenário eleitoral de um ano pra cá e vimos que não houve uma insatisfação por falta de gestão, obras ou trabalho, porque nós fizemos o que estava no nosso plano de governo. Está ocorrendo esta onda de mudança e isto se refletiu até nos Estados Unidos, com a eleição de Trump para presidente. Em Caculé, até pouco tempo antes das eleições, não tínhamos um adversário definido e não nos preparamos para enfrentar uma eleição dura como foi, mas o povo de Caculé nos deu mais uma oportunidade para administrar e corrigir aquilo que falhou. Essa oportunidade, com certeza, o população de Caculé não vai se arrepender, porque nós vamos continuar trabalhando duro para trazer mais desenvolvimento e mais obras que melhorem as vidas das pessoas no nosso município.
TS - Aproveitando este gancho, você está chegando ao final do primeiro mandato. Pra você, de alguma forma, o resultado da eleição acendeu um sinal de alerta na sua administração?
BETO MARADONA - Com certeza. Nós temos que mudar e, por mais que não mudemos pessoas, precisamos mudar a postura. Nós temos que dar um choque na nossa gestão, porque as pessoas estavam acostumadas com uma maneira de administrar e, de repente, com a crise que assolou os municípios, tivemos que tomar algumas medidas duras e isso refletiu, principalmente, no que se refere a saúde das pessoas. A gente não tem mais um SUS que funciona de uma maneira que atenda todo mundo e isso sobrecarrega as prefeituras. A pessoa quando vai numa fila do SUS e não consegue, ele procura o vereador, procura o prefeito e se a gente não conseguir atender a necessidade, isto causa um desconforto. Isto reflete na eleição. Nós tivemos uma queda na arrecadação de aproximadamente 30% dos recursos que os municípios recebem. Não digo isso só por Caculé. A gente tem aqui um município mais ou menos equilibrado, não devemos, estamos em dias com nossos funcionários, com nossos fornecedores, mas as pessoas exigem um atendimento melhor e mais rápido, o que exige uma atenção nossa. Com a queda da arrecadação, nós tivemos que priorizar algumas coisas e deixar outras mais para frente, ocasionando um desconforto muito grande para as pessoas. Quando começou a eleição, vimos que existia um quantidade de pessoas, mesmo votando com a gente, mas que estavam insatisfeitas com algumas ações de pessoas dentro do nosso governo e agora vamos ter a oportunidade de corrigir, para que possamos melhorar cada vez mais o atendimento dessas pessoas.
TS - Falando um pouco de futuro, quais serão as prioridades desse segundo mandato?
BETO MARADONA - Na situação que nós estamos passando hoje, não podemos programar muita coisa, porque tudo depende de recursos. O Brasil, como um todo, tem passado por uma situação muito difícil. Estamos buscando, junto ao nosso deputado Federal e nosso deputado estadual Luciano Ribeiro, medidas que possam amenizar essas dificuldades, mas eu entendo que não teremos dias fáceis. Inclusive agora em Brasília, conversando com alguns prefeitos que estão assumindo o cargo pela primeira vez, discutindo exatamente isso, que não podemos esperar muita coisa em função dessa queda de arrecadação que os municípios estão passando. Meu município tem 23 mil habitantes, é 1.2 no que se refere a arrecadação de FPM e nós temos aqui todos os programas que uma cidade maior tem: programas sociais, programas de saúde, a exemplo do CREAS, do CRAS, Família Acolhedora, o CEO, o CAPS. Tudo isso requer recursos que vem da União e, na maioria desses programas, os recursos que vêm não suprem as necessidades para mantê-los funcionando bem. Isso sobrecarrega um pouco o nosso orçamento. Então, o que temos que fazer é tentar reduzir gastos, principalmente com pessoal, e investir nos serviços que poderão reverter esse quadro que foi um pouco difícil para nossa cidade.
TS - Você já falou um pouco sobre isto, mas para deixar claro, você pensa em alguma mudança de equipe de governo?
BETO MARADONA - Eu penso. Eu gostaria que as pessoas que estão no cargo também se colocassem à disposição para que nós possamos criar uma nova equipe. Estamos no governo há 12 anos, isso também causa certo desgaste para todos, tanto para nós que estamos no poder, como para as pessoas que procuram esses servidores. Nós já estamos organizando nosso segundo governo. Como eu disse antes, nós temos que mudar algumas pessoas de determinados locais, a postura e a maneira de agir e continuar construindo nosso governo. Nós temos um plano de governo, que apresentamos 2012 e concluímos parcialmente. Estamos agora com um novo plano, que pretendemos ao longo dos anos, mesmo com todas essas dificuldades, poder concluir e fazer com que Caculé continue avançando cada vez mais.
TS - Mudando um pouco o foco, como você vê o cenário político rumo às Eleições 2018? Em sua concepção, numa eventual disputa Rui Costa contra ACM Neto, quem leva vantagem?
BETO MARADONA - Eu acredito que esses dois nomes já estão até definidos. Neto ainda não assumiu essa postura de candidato, mas nosso grupo tem ele como referência para sair candidato em 2018. Eu vejo o momento político muito complicado para todos eles. É sabido das dificuldades que todos administradores estão passamos, tanto o governo do Estado, como as prefeituras e Neto, que é prefeito de Salvador, também passa por essas dificuldades, mas eu vejo uma grande vantagem de Neto em função de que o Brasil está dando uma resposta ao PT e isso não pode ser diferente na Bahia. Os resultados das eleições mostraram que o PT está em queda livre, diferente do que aconteceu com Neto, que teve uma das maiores votações do país e isso lhe dá uma confortável segurança para poder continuar nessa disputa, que eu acho difícil, porque apesar de todas as dificuldades do governo estadual, Rui Costa tem, pelo menos na parte econômica, se preocupado muito, mas na parte política os seus aliados já estão cansados dele. Acredito que Neto tenha uma grande vantagem para ser o candidato para governador e vencer às eleições , talvez ainda no primeiro turno.
TS - Neto sempre foi um parceiro de Caculé. Você imagina que ele no governo do estado pode ser bom para o município?
BETO MARADONA - Eu acredito que sim. Tenho certeza absoluta disso. Agora mesmo, Neto participou da minha campanha, parando um pouco a campanha dele no primeiro turno para visitar nossa cidade, ele é um cidadão caculeense. Nós temos aqui algumas obras estruturantes, que precisam ser executadas e, inclusive, conversamos com ele a respeito do asfalto de Caculé a Condeúba e de Licínio de Almeida a Urandi, e ele garantiu que assim que assumir o governo vai dar prioridade. Consequência também de um trabalho que já fazemos há muito tempo junto ao grupo político dele. Acho que no momento que ele assumir o governo do Estado terá uma visão muito importante para Caculé, porque nos iremos cobrar, caso não faça nós iremos ver como faz. Mas eu tenho certeza que ele vai atender os nossos pedidos.
TS - Para encerrar, eu gostaria de deixar aqui o espaço aberto para que você faça suas considerações finais e possa agradecer a votação recebeida.
BETO MARADONA - Eu Quero agradecer também a você, ao Jornal Tribuna do Sertão e toda sua equipe, que inclusive foi onde trabalhei muito tempo. Agradecer também ao povo de Caculé que deu mais essa oportunidade de poder administrar. Fui vice-prefeito do município por duas vezes, e agora prefeito por duas vezes seguidas. Isso me deixa muito orgulhoso e com vontade de trabalhar cada vez mais para que nós possamos melhorar a vida dos caculeenses, porque é isso que a gente pretende, é o que nosso grupo político, aqui liderado por Luciano Ribeiro e por nossos vereadores, pretende. Então, vamos organizar esse segundo mandato e começar trabalhando firme para que possamos reduzir essas desigualdades que aconteceram, diminuindo esses impactos da eleição para trazer de volta os nossos amigos eleitores, que, com certeza, irão nos apoiar no nosso segundo mandato.