‘Mais Sementes Crioulas para o Semiárido’ é tema de Projeto de pesquisa da FG

Terça / 29.03.2016

Por Redação Sertão Hoje

São objetivos da pesquisa instituir a gestão social do Banco de Sementes Comunitário e criar um banco de germoplasma de sementes.

Na região semiárida da Bahia, assim como em boa parte da região Nordeste, as áreas agrícolas são caracterizadas pela presença de veranicos e a ocorrência de secas, que podem se prolongar por até mais de dois anos. As condições adversas do meio ambiente, associadas ao desenvolvimento de atividades econômicas rudimentares e a extrema vulnerabilidade do sistema produtivo, constitui-se em aspectos desfavoráveis à produção agrícola e ao manejo dos recursos naturais nas regiões semiáridas do Brasil. Como consequência das tecnologias da Revolução Verde, houve acelerada erosão genética e o desaparecimento de cultivos adaptados eco geograficamente, limitando as escolhas dos agricultores. Os conhecimentos dos agricultores sobre a seleção, tratamento e armazenagem de sementes têm se perdido neste processo de adaptação a culturas advindas de programas de melhoramento genético convencional.

Neste sentido, o Prof. Dr. José de Souza Abreu Júnior está à frente de uma pesquisa que busca promover o resgate e manutenção de sementes de espécies agrícolas crioulas e florestais nativas. Ação que é realizada junto aos grupos de agricultores familiares da microrregião do Sudoeste baiano, principalmente na região central de Guanambi. “Entendemos que as tecnologias de baixo custo, como as variedades crioulas, são as melhores alternativas para a sustentabilidade dos agricultores familiares. Além disso, o melhoramento dessas variedades pode ser feito nas próprias unidades familiares, pelos agricultores que detêm um enorme conhecimento destes materiais crioulos”, afirma José de Souza.

O projeto visa criar propostas concretas para o manejo dos recursos naturais que, no caso das sementes, possibilitam o processo de autonomia das famílias de agricultores e a valorização da diversidade local. Segundo Abreu Junior, também são objetivos da pesquisa instituir a gestão social do Banco de Sementes Comunitário e criar um banco de germoplasma de sementes. Ainda de acordo com o docente, a pesquisa vai realizar o levantamento das sementes crioulas e espécies florestais nativas inseridas e/ou resgatadas através do Projeto Banco de Sementes Comunitário, nas propriedades dos agricultores e agricultoras envolvidos. Além de promover a discussão com os agricultores sobre a importância da produção das próprias sementes e viabilizar a implantação de uma do Banco de Sementes pelas famílias envolvidas no projeto.