Professora de Boninal se inspira na memória e no amor das avós para ensinar Filosofia

Sexta / 09.10.2020

Por Ascom / SEC-BA

A professora ganhou o 23º prêmio Educador Nota 10 através do projeto ‘As filosofias de minha avó: poetizando memórias para afirmar direitos’. (Foto: Divulgação / SEC-BA)

A professora de Filosofia, Maria Isabel Gonçalves, de 33 anos, natural do povoado Duas Passagens, a 15 km do município de Boninal, na Chapada Diamantina, onde leciona no Colégio Estadual Rui Barbosa, está entre os diversos educadores que, neste cenário de pandemia, ultrapassaram as barreiras do acesso digital para, de forma voluntária e solidária, manter o vínculo com os estudantes e continuar estimulando-os na busca pelo conhecimento. Através do projeto ‘As filosofias de minha avó: poetizando memórias para afirmar direitos’, com o qual venceu a 23ª edição do prêmio Educador Nota 10, promovido pela Fundação Victor Civita, a educadora vem propondo aos estudantes o resgate de memórias de seus familiares e ancestrais.

"Pelos quatro cantos da Bahia, podemos encontrar professores que decidiram não parar e seguem acompanhando seus estudantes e inventando estratégias de aprendizagem para este momento. Este é o significado da nossa profissão: entrar na luta pelos nossos estudantes, mesmo nas situações mais adversas", afirmou a educadora, complementando ainda que “as pesquisas no âmbito da família foram intensificadas, com a possibilidade de colher outras histórias marcantes vividas pelos avós, na procura pelos baús das recordações (objetos, cartas e fotos antigas). Neste momento tão difícil para a população mais idosa, o projeto se abriu para a continuação da partilha do afeto entre os estudantes e seus avós, aproveitando as possibilidades da troca de mensagens, via WhatsApp. Desde o início da pandemia, diagnosticamos que em todas as famílias havia pelo menos um celular disponível para ser utilizado. Os estudantes foram orientados a ligarem para seus avós, ouvirem suas histórias mais marcantes e continuarem a escrevê-las".

Por meio do engajamento dos estudantes, o projeto vem se transformando, juntamente com as vidas de cada um. "A ideia logo se ampliou para os estudos da Filosofia Feminista, com a coleta de histórias de outras mulheres da comunidade. Posteriormente, criaremos um roteiro dessas histórias em gênero livre: relato, conto, teatro, filme ou documentário. Cada estudante usará a sua imaginação para propor como a história de cada mulher que eles entrevistaram deverá ser contada, qual cenário e roteiro, etc", comentou.
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