Entidades médicas dizem que uso de cloroquina e hidroxicloroquina necessitam de estudos mais aprofundados

Quarta / 20.05.2020

Por Paulo Oliveira / AGR+

A Associação de Medicina Intensiva Brasileira e as Sociedades Brasileiras de Infectologia e de Pneumologia e Tisiologia recomendaram as drogas para a Covid-19. (Foto: Agência Brasil)

Quase seis meses após o surgimento do primeiro caso de Covid-19, que ocorreu na cidade chinesa de Wuhan, a doença ainda não possui um tratamento com alta efetividade. A eficiência do uso da cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com o novo coronavírus não foi comprovada e cientistas de todo o mundo continuam estudando o efeito dos medicamentos contra a doença.

Segundo um levantamento da empresa americana de tecnologia Cytel, em todo o mundo já foram feitos ou elaborados 230 ensaios clínicos sobre a utilização dessas drogas em pessoas infectadas com a Covid-19. No final de abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou o uso da cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento de Covid-19 a critério médico e com o consentimento do paciente. Contudo, a entidade ressalta que “não existem evidências robustas de alta qualidade que possibilitem a indicação de uma terapia farmacológica específica para a Covid-19.” Segundo o CFM, apesar de alguns estudos terem mostrado resultados promissores, “nenhum ainda foi aprovado em ensaios clínicos com desenho cientificamente adequado, não podendo, portanto, serem recomendados com segurança.”

O presidente do CFM, Mauro Ribeiro, pondera que a hidroxicloroquina e a cloroquina “tem diversos efeitos colaterais, que não raros, mas que podem ser importantes como bradiarritimias (arritimias com frequências cardíacas baixas), reações cutâneas e falência hepática fulminante.”

Nesta semana, um documento elaborado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, pela Sociedade Brasileira de Infectologia e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia recomendou a não utilização da hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento do novo coronavírus. O documento atenta para os níveis baixos de comprovação científica sobre a eficiência das drogas na melhora clínica de pacientes com a doença.
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