Rui Costa defende aliança entre PT, PSDB e DEM para derrotar Bolsonaro em 2022
Terça / 25.08.2020
Por Redação Sertão Hoje
O governador Rui Costa (PT-BA) defende uma aliança eleitoral que possa unir "todo mundo" para derrotar o presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, inclusive partidos que, historicamente, atuam em campos opostos, como PT, DEM e PSDB. Em entrevista ao jornal O Globo, Rui afirmou que é preciso sentar com siglas dos mais diferentes espectros políticos para conversar "sobre pilares necessários à nação brasileira" e criar um projeto comum para vencer a "truculência" do atual mandatário.
“Democracia, transformação política e social você só faz com diálogo e com entendimento de conteúdo, de projeto. Se não você vai ficar eternamente refém de bancadas do “toma lá da cá”. Como hoje o governo federal está fazendo. Criticava tanto e está fazendo. Não vejo nenhum problema em sentar com [João] Dória, com Eduardo Leite [governadores de São Paulo e Rio Grande do Sul, respectivamente]. No futuro, é possível construir um só nome? Não é possível, então vamos de dois, vamos de três com o compromisso de quem tiver o maior reconhecimento popular e comporá uma coalizão para governar. E se não for possível no primeiro, que se faça (aliança) envolvendo eventualmente no segundo turno. Defendo esse diálogo. Acho que isso é algo didático que a população vai atender e nós vamos mostrar coesão, unidade”, disse o Governador, afirmando ainda que “acho que todos devem se unir. No estilo da eleição americana, temos que demonstrar quanto está sendo ruim, quanto será desastroso para o Brasil se nós não mudarmos o rumo do país."
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Ele também elogiou o fato de o ex-presidente Lula ter dito que o PT pode não ter candidato à Presidência em 2022, caso haja nome mais forte em outro partido. "Acho que a declaração do Lula está sintonizada com isso que estou dizendo. Como vai sentar para conversar, se já diz logo de cara que não apoia ninguém". Por outro lado, indagado sobre se essa união entre siglas poderia culminar em candidatura única logo no 1º turno, defendeu que o debate não deve começar por nomes para evitar divergências. "Passadas as eleições deste ano e o pico da pandemia, nós temos que nos debruçar para construir um programa de governo. Não adianta ter nomes e não ter conteúdo. Nós venceremos pelo conteúdo e não pela bravata. Durante o ano de 2021, o conjunto de partidos de diferentes cores, do centro à esquerda, deve se reunir, e quando se aproximar da eleição a gente entra no debate de perfis, de nomes, de condições de vitória, de análise disso. E afunilar se não construir exatamente uma, podemos ter duas candidaturas ou três", declarou Rui Costa.
Em relação ao aumento na popularidade de Bolsonaro no Nordeste, atribuído principalmente ao auxílio emergencial de R$ 600, Rui avalia que não se sustenta, já que "o eventual sentimento que pode ter ocorrido é em função do socorro em momento de desespero, em que muitas pessoas correm o risco de ficar sem o básico para a alimentação. Mas acho que isso não se sustenta, por conta de absoluta ausência de projeto para o país. [...] Nossa situação encaixa bem no debate que eu tenho visto nos Estados Unidos. A afirmação dos democratas para os Estados Unidos vale para o Brasil. O que estará em jogo não é apenas a eleição de nomes, pessoas, é o futuro da democracia. Qual é a nação que nós queremos sob vários aspectos. E nesse debate de conteúdo, de mérito, acho que ele [Bolsonaro] não se sustenta. Não tenho qualquer receio disso [referindo-se à reeleição do presidente]."