Sertão Hoje

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Colunistas

José Walter Pires

José Walter Pires é escritor, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel e tem várias obras já publicadas, que inclusive são utilizadas nas redes pública e privada de ensino.

SERÁ QUE RESTA ESPERANÇA?

Estamos a uma semana do Natal. Não sei se por mera intuição, na melhor das hipóteses, o tradicional clima natalino e de boas festas, mostram-se em tons de cinza. Tudo prenuncia que algo irreversível está mesmo acontecendo.No Brasil, em particular.Já não falo de esperança, porém não renego os sonhos, embora isso pareça uma atitude de puro pessimismo. Não o é, entretanto, mesmo que pensasse egoisticamente.  Isso não é matriz do meu senso de solidariedade e de desejo de uma vida melhor para todos.

Contudo, é neste momento que o meu otimismo cambaleia para indagar:  até quando, José, essa realidade continuará a mesma, sem que se encontre as vislumbradas e verdadeiras soluções de paz e progresso social? Difícil resposta, sem dúvida!

Estudiosos de todo naipe têm se debruçado nessa incontida busca, com análises, diagnósticos, relatórios, congressos, conferências, além de semelhantes expedientes, mas sem alcançarem os resultados almejados, salvo pelos paliativos, vícios, engodos, manobras, ações políticas, enfim, que mantêm o nosso status quo, como mecanismo de sustentação da práxis arraigada nas entranhas das Instituições corroídas e desacreditadas como as desta pátria amada.

Aqui e alhures não é diferente.O jargão de que é na crise que surgem as soluções, tem ares de fantasia.  Enquanto a crise se agiganta, as soluções passam, permanecendo repetição dos acontecimentos, a rotina dos fatos, a paixão dos incautos e a pregação dos gurus sobre as miragens de um novo tempo. Fui um desses escribas anos seguidos.

Um amigo dileto em uma das suas reflexões me dizia em texto recente que a esperança não morre; e em resposta disse-lhe: mas desbota-se. Então, ele falou em perspectivas e eu lhe falei sobre o horizonte no topo da serra. Calamo-nos em nossas dissenções e continuamos amigos.

De que “amanhã será novo dia”, como diz a canção, não discordo. O que discuto é o que será mesmo novo nas contingências em que vivemos. Por exemplo, será que a última conferência ambiental de Paris, que reuniu lideranças políticas de todo o mundo, nos garante pelo menos o retardamento do aquecimento global? Que desastres ecológicos não continuarão ocorrendo? Que as Nações beligerantes assinarão um acordo de paz e de prosperidade entre os povos, independentemente das crenças e ideologias? Ou quem poderia delinear um futuro não muito distante diante de todas as mazelas que nos assolam na atualidade?

Sinceramente, jamais fui tão sombrio em toda a minha vida. Mas não quero transformar isso na premonição apocalíptica, pregado nas doutrinações de porta em porta.  Aminha mensagem pretende refletir, em forma de denúncia reiterada, sobre a proximidade, em tempo real, da nova era que já nos ofusca e incide sobre o que vamos experimentar para a frente. O processo será mesmo de sobrevivência enquanto vida tivermos. Não haverá mais uma reversão, mas sim um progressão desastrosa desses incidentes por toda parte.

Portanto, restarão pálidos natais e as promessas de um ano novo não tão venturoso, salvo em momentos circunstanciais, porém sem a real universalidade desses sentimentos. Sinto muito, mais é o que nos espera!