Sertão Hoje

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Padre Ezequiel Dal Pozzo

Padre Ezequiel Dal Pozzo é cantor e compositor, lidera o Projeto Despertai para o Amor, de evangelização através da música. Já lançou 5 CDS e 1 DVD e roda o Brasil com shows musicais, palestras, missas e pregações. Apresenta o programada de rádio reflexão Despertai para o Amor e o programa de TV Despertai para o Amor. É editor da Revista Despertai para o amor e autor do livro "Beber na fonte do amor”.

O Jesus do Porta dos Fundos não é aquele em quem acredito!

Pegaram o nome de Jesus e fizeram uma caricatura a seu modo e a seu nível. Claro, Jesus já não é um patrimônio das religiões. Cada um pode falar e comentar sobre ele. Certo é que Jesus tem uma identidade que vem pela Bíblia, pela teologia e pelas religiões. Essa identidade não corresponde em nada à caricatura que fizeram o Porta dos Fundos. Caricaturas são caricaturas. Lembram o personagem, mas não a verdade do que ele é.

O Especial de Natal porta dos Fundos se beber não ceie, está tão longe de mostrar quem é Jesus, não tem nada de Jesus, nada de Natal e nem de especial. O Jesus, a ceia e a cruz que fizeram só têm bizarrice, caricatura, palavrões e, porque indica uma ligação com o Jesus da Bíblia, tem muito de desrespeito. O jeito de falar é próprio da comunicação rasa e cheia de palavrões do submundo moderno. As mágicas são caricaturas da expressão de amor do Jesus da Bíblia, cujas ações se concentravam somente em fazer o bem. A ação amorosa era o verdadeiro milagre. O amor no Jesus da Bíblia e da fé fazia acontecer coisas maravilhosas.

O Jesus do Porta não tem nada disso. A caricatura o distancia tanto do Jesus da Bíblia que nenhuma expressão o torna digno de proximidade. Esse Jesus não me acrescenta nada, nem na palavra, nem nas atitudes e em nenhuma de suas expressões. O Jesus da Bíblia suscita o desejo de proximidade pela intensidade do amor que manifesta nos gestos e palavras.

Não sei a intenção real desse especial do Portas. Se era audiência, atingiram o objetivo. Se era de criar polêmica, também. Mas a polêmica se cria a partir do questionamento de uma verdade, ou a partir da proposição de uma suposta verdade, que não é o que fizeram. A caricatura feita é tão distante do Jesus da Bíblia que para isso não serve. Se fizeram para desrespeitar a fé, o que dizer? O Jesus do Porta não é o Jesus que acreditamos. Se pensaram só no humor, poderíamos perguntar: que tipo de humor é esse? Que criatividade é essa e que linguagem é essa? Não vi graça no episódio. Talvez, porque via ali um Jesus que nada tem a ver com o Jesus que eu acredito, e inconscientemente buscasse traços do Jesus da Bíblia. A linguagem usada não é universal, mas particularizada, do mundo dos palavrões e da consciência rasa. Se quiseram questionar alguma teologia acerca do Jesus da Bíblia, naquilo que chamam verdade-consequência, não vejo consistência. Como se a verdade daquilo que acreditamos sobre Jesus fosse consequência de invenções sem fundamento como eles tentam sugerir.

O Jesus da Bíblia desperta uma verdade que transforma o mundo no amor. O Porta quer criar uma consequência, isto é, questionar a verdade de nossa crença a partir da bizarrice e da adulteração barata.

De fato, a caricatura é tão grotesca que do Jesus que eu acredito não tem nada. O Jesus da Bíblia tem compaixão, até mesmo, para esse nível de consciência retratado no Porta, mas convoca a evolução da consciência. A vida verdadeira não acontece nesse nível raso do Porta dos Fundos. O Jesus da Bíblia é um apelo à evolução humana e não ao pensamento raso e desrespeitoso.

A polêmica logo disse que haviam retratado Jesus como homossexual, mas o problema é todo o enredo e não isso. Fazem de Jesus, dos discípulos, da ceia e da cruz o que bem entendem, sem critério e sem fundamento. Se tivessem o objetivo de provocar um debate teológico sobre a imagem de Deus que temos, sobre o jeito de interpretarmos o Jesus da Bíblia, sobre algum valor presente em Jesus que foi possivelmente esquecido por nós, aí tudo bem. Mas transformam o conteúdo religioso de valores e fé, a partir do seu jeito de ver e viver a vida, a festa e a religião. Nada de sério e digno de aplausos tem ali nesse especial. Seria uma comédia pra alguém rir? As cabeças e mentes que concebem a vida e a religião assim, talvez possam rir. Fora isso, muitos acharão estranho, alguns ofensivos e outros de muito mau gosto.