Sertão Hoje

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Irlando Oliveira

Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Tenente Coronel. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela UNEB; Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES).

Os perigos da vida quando abrimos mão da nossa personalidade

Certamente, o momento mais crítico de nos estabelecermos na sociedade, no que tange à firmeza dos nossos propósitos, é a fase da adolescência. O grande dilema do adolescente é que ele sai da condição de criança e já se imagina adulto, sem condições propiciatórias para sê-lo, quer físicas ou psicológicas. Assim, sempre assume instabilidade comportamental, se anulando como indivíduo e assumindo não a sua personalidade, mas a do grupo, da “tribo”, se permitindo a um processo de massificação.

Com nós adultos, mesmo diante da “nossa madureza”, a situação não é muito diferente, pois também nos permitimos a tal processo, já que, ante a nossa natureza incauta, hesitamos na nossa atitude comportamental, atuando tal qual adolescente, de forma leviana, impensada. Devemos agir consoante os nossos princípios, os nossos gostos, mesmo que a nossa conduta e o nosso posicionamento sejam destoantes do agrupamento social em que estamos inseridos!

Temos notado que, durante o ano, algumas festividades têm nos levado a um verdadeiro frenesi. Ávidos por “curtir a vida”, nos lançamos às inúmeras programações que os “promoters” vêm organizando, através de uma publicidade bem peculiar, chamativa e atrativa, convidando-nos à curtição e à alegria. E isto é cíclico, porque as cifras movimentadas são vultosas. Tão logo se encerra o Carnaval, é necessário se programar os Festejos Juninos!

Nessa “onda”, ficamos nós, nos desdobrando para não perder absolutamente nada, mesmo sem dinheiro! Compramos os ingressos, camarotes e “passaportes da alegria” no cartão de crédito, parcelado, porque a prioridade é “curtir a vida”, é participar de tais eventos porque “todo o mundo vai”! Não percebemos que terminamos sendo joguetes desses “promoters”, que fazem de nós tais quais títeres, fantoches e marionetes! E agora ainda mais, pois incrementaram os pacotes da alegria com os chamados “All inclusive”!

Vemos as pessoas viajando, em verdadeiras caravanas, para brincar o Carnaval de tal cidade; para curtir o São João de outra região; para assistir ao show de determinado cantor, enfim. Correndo em busca do nada e de coisa nenhuma! Simplesmente não paramos para avaliar a empreitada a qual estamos nos permitindo. Abrimos mão até mesmo do nosso conforto, se hospedando em pousadas de má qualidade, em campings sem qualquer estrutura, tudo para não perder o evento e se divertir!

Ora, isto tudo se traduz em manobras e artimanhas da vida que, se não avaliarmos detidamente, sopesando cada momento, estaremos abrindo mão da nossa personalidade - do nosso eu - e assumindo o anseio do todo, do grupo, da massa! A vida se nos apresenta desafiadora, impondo-nos momentos em que devamos buscar aquietar as nossas mentes, elegendo aquilo que efetivamente agregará valor ao nosso cabedal psicológico - nosso espírito -, pois é para isto que aqui nos encontramos!