Sertão Hoje

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Irlando Oliveira

Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Tenente Coronel. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela UNEB; Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES).

Precisamos ser policiados!

Com o advento da greve da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), pudemos mais uma vez confirmar a tese por nós sustentada, qual seja: a de que precisamos ser policiados! Se nos deixarmos a sós, inevitavelmente infringiremos, delinquiremos ou praticaremos atos desviantes. Devido ao nosso estágio evolutivo, a maioria de nós é portadora de inúmeros vícios, os quais desabrocham no momento oportuno; e a greve da PM, nesse particular, naturalmente enseja tais condutas. Assim, pessoas que se apresentavam na comunidade com a sua persona ou máscara - nos valendo de uma linguagem psicológica -, em tais circunstâncias terminam se desnudando, se mostrando na sua essência, como verdadeiramente são. Desta forma, ficamos perplexos na medida em que vemos inúmeras pessoas saqueando e roubando, em razão da ausência daqueles que, por dever de ofício, deveriam ali estar, ostensivamente, inibindo a ação criminosa: os Policiais Militares.

O grande temor de uma greve da PM se dá, dentre outros fatores, em razão da anarquia e anomia que se instala na sociedade, preocupando a tudo e a todos, ante o caos que se evidencia. Nesse particular, o Brasil tem assumido vanguarda no cenário internacional, pois jamais se viu o país em meio a tanta criminalidade como na atualidade! Diante das condutas desviantes, as quais as pessoas se permitem nesses momentos de crise, só nos reforça o entendimento de quão estamos carentes de civilidade; de valores éticos e morais tão necessários à paz e a harmonia social. E é exatamente em razão disso que as nossas polícias têm tido imenso trabalho, ocasionando inúmeras intervenções em ocorrências que poderiam simplesmente ser evitadas.

Basta a ausência da força policial para que a baderna se instale, cada qual apresentando condutas que estavam em gérmen, por assim dizer, aguardando a oportunidade para eclodir. Certamente, em razão desses "desvios de comportamento", no seio da sociedade, é que o mundo está tal qual um "big brother", com inúmeras câmeras de videomonitoramento, exatamente para nos policiar!

E o pior de tudo isso é que não vislumbramos melhora, já que a cada dia o quadro se nos apresenta mais aterrador. Acreditamos que a educação, dentre outros fatores obviamente, assume fator relevante nesse processo, diante de pais inescrupulosos que estão mais para reprodutores do que pais, na acepção da palavra. Assim, nos convencemos da necessidade de sermos policiados, de fato, já que ainda não logramos alcançar o ideário enobrecedor de convivermos em sociedade sem a necessidade de sermos vigiados!