Sertão Hoje

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Colunistas

Fabiano Cotrim

É professor e advogado do escritório "Cotrim, Cunha & Freire, Advogados Associados", em Caetité. Membro da Academia Caetiteense de Letras (cadeira Luís Cotrim), Mano, como é conhecido, gosta mesmo é de escrever poesias, mas, desde os tempos de Maurício Lima, então batucando na sua velha Olivetti Lettera 32, colabora com o Jornal Tribuna do Sertão, sempre nos mandando crônicas.

A mudança

Aqui e acolá, aqui talvez mais do que acolá, as campanhas políticas, sobretudo as de oposição, prometiam mudança. Era mudança que não acabava mais, coisa até para se dizer que o mudancismo virou uma ideologia política, uma nova corrente de pensamento. Sei por ouvir dizer que teve até candidato a reeleição que entrou na onda e prometia mudar tudo, menos ele e os seus, que para eles a coisa tava boazinha que era uma beleza...

Apois, de tanto se falar em mudança, de tanto prometer que era capaz de promover a mudança, mesmo sem esclarecer objetivamente o que mudariam, aqui e acolá alguns candidatos, e não foram poucos, conseguiram emplacar os seus discursos e foram vencedores na disputa pelo voto. E os eleitores da mudança festejaram e dançaram pelas ruas, e soltaram rojões em profusão. Uma beleza...

E de fato esse é um aspecto bonito da democracia, a possibilidade sempre presente de alternância no poder, de... mudança! Ocorre que da alternância no poder à mudança de práticas do poder vai uma distância bem maior do que supõe o discurso inflamado de uma campanha política. O verbete “mudança”, por exemplo, para se transformar em prática traz em si a necessidade de efetiva transformação de métodos e de princípios. Se não for assim não será mudança, pois afinal mudar é ser diferente.

Vejamos exemplos concretos: Se aquele que se elegeu prometendo significar mudança loteia entre os seus aliados mais próximos todas as linhas de transporte escolar baseando-se nesse critério, o da proximidade, o do vínculo eleitoral, terá implantado alguma mudança aqui ou acolá? Por outra, se o que alardeava ser ele próprio sinônimo de mudança por vias diversas praticar o nepotismo,terá sido fiel ao mudancismo com o qual se apresentou para o distinto público?

E por falar no distinto público, é ele, o distinto público quem cunhou a expressão “trocar seis por meia dúzia” para traduzir uma falsa mudança, ou uma mudança falsa, como preferirem; e nessa toadaou quem ganhou as eleições em nome da mudança traz novos métodos e princípios para a administração da coisa pública ou assistirão os senhores e senhoras eleitores não a mudança, mas sim a mesma lambança de sempre...Contudo, é tempo de esperança, ou de esperar, como desejarem.

Aqui e acolá abriu-se espaço para a mudança e esta é a mais legítima expressão da vontade popular. Benvindos sejam os mudancistas e que nos provem ser capazes de cumprir as suas promessas.

Reforçamos a ilustração para ficar bem claro o que seria a mudança que o povo tanto quer a ponto de votar, aqui e acolá, exatamente em quem lhe garantiu mudar as coisas:  Se ao retomarmos as atividades letivas os alunos daqui ou de acolá voltarem a ser transportados em ônibus velhos e inseguros – aqueles com o ‘ESCOLAR’ pintado nas laterais - todos de proprietários bem conhecidos por todos, e os critérios de contratação de ônibus velhos e inseguros forem os mesmos de sempre, ainda que os contratados sejam diversos, então a mudança não terá acontecido. Simples assim, pelo simples fato de que não existe meia corrupção e dela estamos cheios, tanto que votamos majoritariamente, aqui e acolá, exatamente pela mudança de métodos e de princípios.

Este é só um exemplo, pensem vocês em outros...