Sertão Hoje

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Colunistas

Fabiano Cotrim

É professor e advogado do escritório "Cotrim, Cunha & Freire, Advogados Associados", em Caetité. Membro da Academia Caetiteense de Letras (cadeira Luís Cotrim), Mano, como é conhecido, gosta mesmo é de escrever poesias, mas, desde os tempos de Maurício Lima, então batucando na sua velha Olivetti Lettera 32, colabora com o Jornal Tribuna do Sertão, sempre nos mandando crônicas.

Os seus antigos Professores...

Como eu ia dizendo aqui, é fogo, meus amigos e minhas amigas. É fogo... Num piscar de olhos ali estava uma criança ainda, logo um adolescente, uma adolescente, passeando pelos corredores da escola, em conversa com os colegas, algazarra festiva, essas coisas que fazem a delícia de ser estudante. Lá estão eles fixados em nossas retinas de professores, cansadas como são as retinas e as cordas vocais dos professores, mas só ali estão fixados, estáticos.

Na vida real, que é como se diz da vida que passa, seguem os meninos e meninas, os adolescentes e as adolescentes, o curso natural da vida. E eis que, num piscar de olhos, agora são eles que estão nos ensinando, aos seus antigos professores. E notem que eu disse antigos. Assim, sem que nem percebamos, eles viram os nossos médicos, professores, terapeutas, essas coisas.

É bom e nos enche, a nós professores, de orgulho? Sim e sim. Mas é também um implacável marcador do tempo? É. É fogo, mas é. Vejam por exemplo um médico que outro dia me atendeu, um jovem especialista. Competente, solícito, acolhedor no seu atendimento, o doutor me recebeu dizendo como vai Professor? Quantas lembranças o senhor me traz, que coisa boa, essas coisas. Juro que só aí me dei conta que ele, o doutor de quem eu já sabia o nome, a boa fama, antes de com ele ir me consultar, era, melhor, foi, um aluno na escola em que sempre trabalhei.

E lá foi ele, agora um homem na sua plenitude, um médico especialista, exercer o seu labor. Ele, que há tão pouco eu via menino, é quem de fato conduzia a cena de agora.

Tira a roupa, mostra a língua, respira, expira, aperta o braço, toma a temperatura. Ele manda, eu obedeço.

E o que dizer da fisioterapeuta que conduz os exercícios do método Pilates? Assim como o médico do qual lhes falava, também aluna da mesma escola. Quando ela diz para eu corrigir a postura, fazer dez vezes para cada lado este ou aquele movimento, subir a coluna, enrolar o pescoço, relaxar os ombros, essas coisas, que me dou conta do privilégio que é poder viver para ver, e obedecer, estes meninos e meninas que agora são a prova viva de que sim, o tempo passa, o tempo voa, mas vale a pena ter dedicado parte das nossas humildes vidas de professores para vê-los crescer e assumir o protagonismo das suas vidas. E às vezes das nossas também...