Fabiano Cotrim
É professor e advogado do escritório "Cotrim, Cunha & Freire, Advogados Associados", em Caetité. Membro da Academia Caetiteense de Letras (cadeira Luís Cotrim), Mano, como é conhecido, gosta mesmo é de escrever poesias, mas, desde os tempos de Maurício Lima, então batucando na sua velha Olivetti Lettera 32, colabora com o Jornal Tribuna do Sertão, sempre nos mandando crônicas.
Uma flor é uma Flor?
- Mas ele é humano ou um cachorro?
A pergunta não foi de logo entendida. Melhor, a pronúncia não ficou clara.
-Como assim, Flor?
- Ele é humano ou um cachorro? Ela falou mais claro, mais alto, mais forte.
Agora a pronúncia não era o problema, o excesso de fofura e inocência também não. Explico que tudo se deu quando eu tentava explicar a ela um processo cirúrgico ao qual será submetido um dos nossos cachorros,o Fantasma, um pastor suíço branco que é um dos seus xodós aqui em casa. A cirurgia em si ela tirou de letra, mas o cirurgião...
- Mas ele é humano ou um cachorro? Repetiu com cara de enfado pela minha demora em simplesmente lhe responder a sua pergunta.
Toquei a dizer que era um veterinário, um Doutor, um amigo, declinei o seu nome, mas a carinha de dúvida e impaciência só aumentava.
- Eu sei, mas ele é humano ou é um cachorro? Disse como quem diz algo pela última vez, que para bom entendedor meia palavra basta, que dirá uma pergunta tão simples como essa.
Vencido, respondi com presteza:
- Humano.
- Ah...
E foi tudo o que ela disse já mudando o rumo da prosa para assunto do qual não me lembro. É assim uma menininha linda e inteligente que apareceu em nossas vidas por obra e graças do destino e os seus jogos de amor. Um primor de inteligência, uma lufada benfazeja e benvinda de alegria que agora nos visita em quase todo final de semana. A imaginação a mil, sempre, essa Maria Flor da qual lhes falo tem nos deixado boquiabertos com a sua inteligência e humor notáveis, mas o que mais encanta no seu vasto repertório de deliciosas tiradas é a espontaneidade e rapidez de raciocínio. Tanto é que ainda curtindo a dúvida por ela levantada no caso do veterinário lhe perguntei o porquê da pergunta, o porquê de ela querer saber a sua espécie e ela, com a cabeça no mundo da fantasia não deixou barato:
- Porque podia ser um cachorro, ué...