Sertão Hoje

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Fabiano Cotrim

É professor e advogado do escritório "Cotrim, Cunha & Freire, Advogados Associados", em Caetité. Membro da Academia Caetiteense de Letras (cadeira Luís Cotrim), Mano, como é conhecido, gosta mesmo é de escrever poesias, mas, desde os tempos de Maurício Lima, então batucando na sua velha Olivetti Lettera 32, colabora com o Jornal Tribuna do Sertão, sempre nos mandando crônicas.

Velha roupa colorida...

Toda a lama que se espalha a partir de Brasília, fétida e farta, tem origem conhecida: a velha política brasileira. Ela é também nominada pelos historiadores como “política de compadrio” e o povo, sábio dos sábios, resume tudo em uma só palavra: roubalheira. A velha política é isto mesmo, uma roubalheira só. Os políticos velhos só pensam nisto, só pensam neles e nos seus e, para eles, o público lhes é particular, ou melhor, particularmente seu e/ou dos seus.

Caso exemplar dessa tragédia tupiniquim é o episódio envolvendo o baiano (tinha que ser!) Geddel Vieira Lima. Nada de novo ali, tudo de velho. Nós, moradores dos grotões, conhecemos bem o caso. Não há problema que não se resolva para o poderoso de plantão ou para os amigos do poderoso de plantão, se o poderoso de plantão, é claro, for representante da velha política. É como se o poder público fosse um balcão de negócios sempre aberto e franco para os que estão no poder ou deles são amigos, ou familiares. É ou não É?

Em Brasília também é assim. Um ministro tem um interesse qualquer nisto ou naquilo? Resolve-se com uma pressão num subordinado, ou em um par menos poderoso. Pressão que muitas vezes assume a forma de um “pito” em quem pode descascar o abacaxi. Pois bem, o ex-ministro da Cultura,Marcelo Calero, que não é um homem formado nos tempos e nem nos templos da velha política, expôs o cerne, decompôs o DNA do governo Michel Temer, exemplo puro e perfeito da tal detestável velha política.

O próprio Temer, agora insustentável em sua pose de tiozinho ponderado, se moral tivesse, se ler os tempos atuais soubesse, ou quisesse, deveria, também, pedir para sair. Ele nos mostrou ser um fóssil da velha política que não nos serve mais, pois em vez de apoiar o Marcelo Calero preferiu adular o Geddel, e deu no que deu...

Surpresa? Nenhuma. Temer é a velha política vivendo os seus estertores, posto que só está aonde está por ter sido ele pilar de sustentação do populismo petista, que também se revelou (para nossa desgraça e decepção) tão “velha política” quanto o é o ideário peemedebista.

E o título desta modesta crônica com tudo isto? É que me lembrei dessa música que ouvia em tempos idos, na voz marcante do Belchior e que, hoje, me soou profética. Vejam um trechinho da letra:

“Você não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer(...)”

É isto! Há esperança quando o jovem Marcelo Calero dá a testa e peita Geddel da vida, não se curve a um Temer qualquer, desde que nos permitamos, ao votar, rejuvenescer a velha política que já não nos serve mais...

P. S. – Ouça a música completa em https://www.youtube.com/watch?v=RA2PmL7hb30