Sertão Hoje

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Eliseu de Lima

Eliseu de Lima é jornalista, teólogo, escritor e palestrante com mais de 10 anos de experiência em treinamentos nas áreas de liderança, educação e criatividade; Mestrando em Comunicação pela Universidade Católica de Brasília (UCB); Exerce liderança nacional; É autor, entre outros livros, de “Um Café, Por Favor!”, que recebeu o Prêmio Areté 2018 como Melhor Livro Categoria Jovem.

Volta às aulas: o papel do educador em tempos de pandemia

O papel do educador na pandemia é o mesmo em qualquer circunstância. Falar sobre o papel do educador em tempos de pandemia significa primeiro refletir sobre o papel do educador em qualquer circunstância dentro das escolas e organizações do mundo de hoje.

“O papel do educador, constitui-se em encontrar meios para educar adolescentes e jovens para a vida em liberdade” (SILVA, 2012, p. 109). Ele é o sujeito responsável por coordenar, na relação com o outro, os processos de ensino e aprendizagem. Isso significa que o educador é um profissional que investe no processo de desenvolvimento do educando, sempre ciente do que ele, efetivamente, necessita aprender.

Fazer isso em circunstâncias favoráveis é mais tranquilo, só que nós estamos diante de uma atípica situação de crise, em que temos que fazer esse mesmo papel, só que com ferramentas, recursos e processos diferentes. O “por que” permanece, mas o “como” pode ser diferente em alguns aspectos.

Mesmo com a volta das aulas presenciais, a tecnologia não deve ser deixada de lado – pelo contrário. Um grande motivo que impedia o avanço do uso das tecnologias na educação era o fato de os professores não terem tanta afinidade com elas. Porém, isso mudou drasticamente durante a pandemia. Uma pesquisa da UFMG e da CNTE, sobre o trabalho dos professores da rede pública na pandemia, constatou que 89% não tinham experiencias anteriores à pandemia para dar aulas remotas.

Mas o aprendizado veio, de certa forma, “aos trancos e barrancos” e felizmentetemos pesquisas que comprovam essa afirmação. Uma pesquisa da Fundação Lemann, em parceria com o Instituto Datafolha, apontou que 73% dos educadores brasileiros pretendem usar mais a tecnologia no ensino do que usava antes da pandemia.

Não menos importante, outro papel fundamental do educador em tempos de pandemia é o autoconhecimento. Explica o médico psiquiatra Gustavo Estanislau que:“quando fazemos uma capacitação em saúde mental, o primeiro movimento que os professores fazem é trazer as informações para dentro de si. Quando esses conhecimentos começam a fazer sentido, eles conseguirão utilizá-los para as pessoas que estão à sua volta”. E nesse momento, eu diria que as habilidades socioemocionais podem ser o grande diferencial para e educador do momento. Em resumo, elas apontam para dois tipos de comportamento: a sua relação consigo mesmo (intrapessoal) e a sua relação com outras pessoas (interpessoal). Para isso, o diálogo continua sendo a principal ferramenta da educação.

Por último, o papel do planejamento estratégico. Com o fim do distanciamento físico, não se trata mais um simples sair de casa e voltar para as escolas. Afinal, elas não serão as mesmas. Haverá mudanças no modelo de gestão. É preciso que os educadores se preparem para esse retorno dos alunos, tanto na perspectiva da sua saúde, mas também ao clima organizacional, porque muitos alunos também passaram por momentos difíceis nesse processo todo, inclusive com perdas de ente queridos e precisarão ser acolhidos pelas escolas. Então, temos um grande desafio de planejar cada uma das etapas desse processo de retomada de pós-pandemia. Aproxime-se e estabeleça na medida do possível: confiança com os alunos, porque diálogo e confiança são as chaves do educador em tempos de pandemia.