Sertão Hoje

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Colunistas

Dário Teixeira Cotrim

Membro da Academia Montes-clarense de Letras e dos Institutos Histórico e Geográfico de Montes Claros (MG), de Feira de Santana (BA) e da Bahia. Dário também é sócio correspondente da Academia Caetiteense de Letras.

Réquiem para Iracy Pereira Santos

O meu coração está de luto! Um silêncio invade a minha alma ao saber da morte do meu tio Iracy Pereira Santos. Já estava tudo anunciado, é verdade, e mesmo assim nós não conseguimos acreditar nos desígnios do Grande Arquiteto Do Universo, isso porque, a notícia nos tomou de sobressalto neste amargo dia 17 de outubro – dia dedicado ao Santo Inácio de Antioquia, que mesmo depois da morte continuaria a orar pelos seus irmãos junto a Deus dizendo: “Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus. Eu ainda estou exposto ao perigo, mas o Pai é fiel, em Jesus Cristo, para atender minha oração e a vossa. Que sejais encontrados nele sem reprovação”. Iracy, assim como Santo Inácio cuidou dos mais necessitados, você, na infinita bondade do seu florescente coração, também ajudou inúmeras pessoas em todos os segmentos da sociedade guanambiense. Por tudo isso eu insisto em dizer que o meu coração está, completamente, de luto!

Aprendemos na escola-do-tempo que o homem morre, mas que o seu nome permanece imortalizado nas boas intervenções aqui praticadas. O seu currículo, Iracy, é um dos mais fecundos de ações humanas, de muitas caridades, de amor pleno e de amizades profícuas. Por tudo isso os seus legados serão sempre lembrados no batente constante do Banco do Nordeste, nas reuniões festivas do Rotary Clube e da Maçonaria e, principalmente, no seio de nossa família. O seu dinamismo com o colecionismo de carros antigos, a sua participação discreta e firme nas decisões políticas do município, o seu empreendimento robusto em construir pontes sem o bajoujo dos incompetentes, a sua maneira fantástica de preservar a memória das pessoas queridas, em especial o nosso saudoso avô Teixeirinha, tudo isso lhe credencia uma entrada triunfal no céu, sem mesmo pedir licença a São Pedro – você se lembra de Irene? Pois bem, Iracy, você é um homem imortal em todos os sentidos. O povo sertanejo tem por você um respeito incondicional, uma admiração sincera e um carinho imensurável por tudo que você fez em vida e fará na morte.

Nota-se que, durante a minha peregrinação na vida, muitas vezes eu ouvi os seus valorosos conselhos. De certa feita, lhe perguntei sobre a possível dispensa voluntária no Banco do Brasil e você me respondeu categoricamente: “fique lá até você se aposentar”. E eu fiquei. Sorte minha!

Aliás, a tristeza pela sua partida revela em nós o canto estridente e livre de cigarras na escuridão da estrada, ou o doce arrulhar de uma indefesa pombinha fogo-pagou, desgarrada e bem no meio da pobre e fatigante caatinga. Enquanto aqui, os nossos olhos tristes, em chuvaradas de lágrimas, fazem dos espíritos perfeitos os mensageiros de sua triste partida. Lá no infinito dos céus, melhor acolhida lhe é reservado no espaço destinado aos homens bons, os que estarão sempre na vanguarda da perfeita sintonia para com a vida aqui na terra. Certamente que os céus ouvirão de você o que há de se fazer no mundo dos mortos em benefício dos vivos deste vasto mundo. Iracy, a nossa cidade de Guanambi lhe deve muito e certamente que o seu nome será gravado no parthenon dos imortais para sempre. Tudo justo e perfeito!