Uma sexta-feira da Paixão seu Leonardo e não sabemos as razões que nos levaram a recordar, dentre muitas pessoas queridas, duas especiais: a Prof.ª Helena Lima Santos e o queridíssimo colega Dr. Oliveiros Guanais. No seio da família às vezes a d. Vera, a esposa, nos olha e comenta que “há momentos que viajo para lugar invisível à procura de pessoas que já se foram...”. Hoje não estávamos preparados para uma rápida viagem mas graças à “maior poetisa do país, assim considero eu e muitos outros, inclusive os citados” que em conjunto viajamos até a cidade de Goiás e então encontramos ali (claro que na imaginação porque ela já fez a longa viagem) CORA CORALINA que tivemos o prazer de, durante alguns dias, com ela conviver quando já velhinha esteve em Andradina sob patrocínio do hoje desativado “Jornal de Região”. E recordar da professora Helena e Oli foi fácil porque foram fãs incondicionais da “ilustre e desconhecida para muitos”, a poetisa que mãe de família de prole com seis filhos, com alfabetização primária e sob privilégio de Deus cantou como ninguém, em versos os “becos de Goiás”. Impossível citar o que mais gostamos – dona Helena, Oli e nós – mas se quiserem publicar vai a escolha:

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau olhado, acocorada ao pé do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá,
macumba, ferreiro.
Oga, pai-de-santo

Vive dentro de mim/a mulher roceira.
Enxerto da terra,/meio casmurra.
Trabalhadeira./Madrugadeira
Analfabeta./De pé no chão.
Bem parideira./Bem criadeira.
Seus doze filhos./Seus vinte netos.
Vive dentro de mim/a mulher da vida.
Minha irmazinha...
Fingindo alegre seu triste fado.

È extensa a obra de Cora Coralina que é o pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas que nasceu em 1889 e faleceu aos 76 anos. Um dia o Dr. Oli e na presença da Prof.ª Helena Lima Santos que faz parte de geração de mulheres que não foram ainda substituídas. OBERVAÇÃO: olha d. Lucia se quiserem tudo bom. Só em redigir lavei a alma.